sábado, 3 de outubro de 2009

Que é isso, companheiro?


Marcus Ottoni

Não dá pra acreditar que o presidente Lula, aquele que representa no Palácio do Planalto o PT Governo e o PT partido, ache espaço durante a festa de comemoração pela indicação do Rio de Janeiro para sede das Olimpíadas de 2016 para fazer política rasteira tipo sindicalista do ABC (que é a praia dele) futuralizando uma oposição radical e cruel contra a preparação da cidade carioca para receber atletas de todos os cantos do mundo. Que é isso, companheiro?
Na verdade, o PT Governo tem lá sua cota na vitória do Rio no COI. Isso não se pode negar. Agora querer, em pouco mais de 24 horas do anúncio e ainda no calor da festa, acusar a oposição de trabalhar contra a realização, não só das olimpíadas de 2016 como da Copa de 2014, é um pouco demais. Além, é claro de mostrar o que virá durante a campanha do próximo ano, com o PT Governo e o PT partido abrindo o baú das “injúrias e acusações desprovidas de verdade” para tentar continuar no Poder, através da ex-guerrilheira Estela da VAR-Palmares, hoje super ministra da Casa Civil do PT Governo, Dilma Rousseff.
A estratégia é simples e de baixo nível político, uma das várias facetas de um Governo que abraça terroristas como o presidente do Iran e da Líbia; se confraterniza com ditadores que calam a imprensa em seus países, como Hugo Chavez; e é transformado de “palhaço internacional” por se meter, a mando do ditadorzinho Chavez, em assuntos internos de Honduras. Que é isso, companheiro?
É claro como água cristalina a artimanha do presidente Lula ao futuralizar um “movimento do contra” a realização das Olimpíadas e da Copa pela oposição brasileira, aquela mesmo que está lá na frente da corrida eleitoral presidencial, segundo as pesquisas divulgadas até hoje. A idéia é criar a revolta popular contra quem pode derrotar a ex-guerrilheira na sucessão do Lula. Criar, no embalo das comemorações de uma vitória expressiva e significativa para o Brasil, um sentimento de repúdio a tal “oposição do presidente” para que isso possa interferir no atual e futuro quadro da disputa eleitoral para a presidência do Brasil. Que é isso, companheiro?
E aí, embute-se outra ação do PT Governo que com a fala do Lula já prepara o terreno para pressionar o Congresso, via seus paus-mandados, a aprovar projetos e liberações de recursos para preparar o Brasil para a copa do mundo, em 2014, e para as Olimpíadas no Rio em 2016. Recursos que devem entrar no Orçamento da União para o ano que vem (ano eleitoral) a ser aprovado até o final deste ano. Uma pergunta: não parece coisa para engordar caixa eleitoral de candidaturas, já que as doações de campanha agora são livres e podem ser feitas de diversas formas, como aprovaram os parlamentares da Câmara e sancionou o presidente Lula? Que é isso, companheiro?
Vá com menos sede ao pote, porque a ressaca pode ser daquelas bem fortes que o cabra chora por quase uma semana.... Não pra relaxar, mas pra não morrer de raiva.... ou por ter dito o que não devia quando devia ficar calado...

A foto do presidente Lula é do jornalista Ricardo Stuckert, da PR. Ela sofreu um corte editorial para seu melhor aproveitamento no artigo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O que está por trás da questão do diploma de jornalismo

Transcredo um artigo do companheiro Waldo Luís Viana, que acho extremamente oportuno para colocar mais luz na discussão sobre a questão do diploma de jornalista para o exercício profissional no Brasil


"O jornalismo configura uma atividade intelectual
desprovida de especificidade, não exigindo o diploma
de curso superior, tendo em vista a livre manifestação
do pensamento como corolário da liberdade de expressão,
assegurada em todo estado democrático de direito”.
Parecer da Subprocuradoria Geral da República – República Federativa do Brasil

Por Waldo Luís Viana

O STF decidiu destruir um dos últimos penduricalhos da ditadura militar, revogando a necessidade, definida em decreto-lei de 1969, da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo.

Para engendrar essa antiga exigência, estavam envolvidos o Dr. Gama e Silva, “jurista” de Costa e Silva e criador do AI-5, bem como o eterno general Golbery do Couto e Silva, criador do SNI e inventor, junto com o ditador Ernesto Geisel, do protagonismo artificial do Sr. Luiz Inácio da Silva. O objetivo era retirar, com uma penada, os comunistas dos jornais.

Naqueles tempos, o PC “era um partido gráfico”, com todos os adeptos reunidos em torno de jornais e revistas, formando a opinião sem diploma e ameaçando o regime instaurado. Comunistas ou não, os maiores jornalistas brasileiros jamais tiveram diplomas de comunicação social, embora muitos trouxessem para as redações sólida formação em outras áreas.

A exigência de diploma causou rebuliço e os comunistas e novos esquerdistas entenderam que agora o objetivo seria fortalecer a profissionalização e as entidades sindicais, tentando autarquizar o pensamento e perseguir os jornalistas sem diploma. Embora tenha me iniciado no jornalismo em 1979 (com 24 anos), fui muito perseguido e perdi grandes oportunidades pela falta do documento de aprovação específico para a área. Não tinha o diploma e não desejava ser “comunicólogo”, pronto...

Muitas filigranas foram discutidas à época, como o papel dos colaboradores, regulada por leis específicas, mas era um período em que a Rede Globo começava a sobressair como próspera organização de comunicação, cujos empregados jamais precisaram de concurso ou prerrequisito cultural para integrar seus quadros técnicos, escolhidos por lógica oligárquica e familiar. E Roberto Marinho, com grande sabedoria, defendia os “seus” comunistas em “O Globo”, contra tudo e contra todos, porque eram brilhantes como jornalistas e mereciam manter os empregos.

No entanto, o regime militar queria aposentar os “velhos comunas” e lhes retirar a capacidade de atuação crítica. Nada como mandar para as universidades o objetivo de formar novos jornalistas, porque ingenuamente os militares acreditavam que, através dos cerceamentos das reformas educacionais, poderiam comandar as consciências dos diplomandos. Ledo engano.

Os comandos partidários decidiram reagir, infiltrando-se mais ainda nos sindicatos, federações e confederações de jornalistas. Era preciso aceitar o patrulhamento ideológico rígido para penetrar nessas entidades, cheias de profissionais medíocres, que preferiam representar a classe a viver nas redações, porque quem sabe faz, quem não sabe ensina ou pratica agitação, à exceção dos “estudantes profissionais”, os únicos que eles admitiam que deveriam sempre agir sem buscar receber diplomas...

Nesse quadro eu vivi e tive vários mestres do jornalismo sem diploma, o que resultou em grande escola para mim. Formei-me em Ciências Econômicas e comecei a sentir a perseguição. Tinha registro profissional na Delegacia Regional do Trabalho e em minha carteira profissional, mas, mesmo assim, não pertencia à turminha carimbada. E muitos, como eu, foram perseguidos, e abriram o leque para outras atividades, próximas ao jornalismo puro, que é o contato diário, sutil e idealista com as redações e notícias. Na verdade, para o bom jornalista, jornalismo é encanto, uma cachaça...

A segunda fase do plano de infiltração dos partidos foi dominar o currículo dos cursos de comunicação social, imprimindo um conjunto de ideologias específico e obrigando os alunos a discutir autores estrangeiros, como Bourdieu, Adorno e Benjamin, completamente estanques em relação à nossa realidade. Era proibido estudar o jornalismo do Império, os grandes mestre que conduziram à discussão abolicionista, a efervescência dos argumentos que levaram à proclamação da república, as propostas civilistas da República Velha e a ebulição da Revolução de 30 e do Estado Novo.

Os jornalistas “comunicólogos” eram “preparados” sob a ideologia da Escola de Frankfurt, sem saber as razões do suicídio de Benjamin e de sua colaboração com a CIA. “Entendiam” de Roland Barthes e Baudrillard, ensinados em apostilas de dez páginas, mas não sabiam compor um texto de reportagem, com lead, sub-lead ou simplesmente começo, meio e fim.

Lembro-me de que me convidaram a integrar o Sindicato dos Escritores, que também desejavam desenvolver. Incrível, além dos jornalistas de carteirinha, queriam formar escritores de carteirinha. Talvez arranjassem também um sindicato para poetas, contistas e já havia a controvérsia do diploma para atores, diante das pressões da máquina da Rede Globo – enfim, quanto mais controle sindical, quanto mais satisfações a dar aos partidos que mexiam os cordões, melhor para manter o patrulhamento ideológico sobre as redações, cujo conflito era entre os peões, jornalistas “profissionais”, e seus chefes de redação e editores. Afinal, era preciso manter a luta de classes...

Com o tempo, a pirâmide de Maslow ideológica ficou assim: até 4 salários mínimos, os profissionais da redação, como intelectuais frustrados, tornaram-se empedernidos marxistas-leninistas; de 4 a 10 salários mínimos, dividia-se a esquerda entre trotskistas, bakunistas, socialistas e progressistas católicos; de 10 a 20 salários mínimos, surgiam os social-democratas e aproveitadores de plantão e acima dos 20 salários, os considerados “patrões” dos jornalistas, convertidos à lógica do regime militar, defensores da organização em que trabalhavam ou simplesmente tecnocratas liberais de direita. Mais ou menos assim eram as redações e me ria muito desses extratos, claramente distintos através dos salários (olha que é pura análise marxista!)...

Na verdade, o diploma de “comunicólogo”, serviria para (quase) tudo: o sujeito poderia ser relações públicas, profissional de propaganda ou jornalista, isto é, ninguém poderia mais pensar e verter o pensamento sem o “auxílio” de um diploma específico, o que seria a censura disfarçada mais terrível e totalitária que a sociedade brasileira poderia conceber!

Tudo estava muito bem arranjado para os sindicalistas, quando surgiu a Internet e os computadores domésticos. Quantos companheiros meus, que me ensinaram as técnicas de redação, reportagem, entrevista e diagramação (minha primeira atividade foi a de repórter fotográfico!) foram se aposentando, com medo do computador. Quantos gênios nós perdemos, que foram para casa escrever livros ou cuidar dos netos para não precisar aprender as dificuldades trazidas pelo tio Bill Gates! Havia uns radicais comunistas que também desconfiavam da informática, porque parecia uma dissolvente invenção norte-americana. Afinal, a informação parecia algo muito espiritual para eles! E foram indo embora...

Não posso nem citar quantos perseguidos pelo regime militar me ensinaram a trabalhar como jornalista. Faltaria sempre algum e não quero cometer injustiças. Quase todos eram brilhantes e não tinham diploma. Mas eram o máximo! Não eram profissionais, eram jornalistas apenas e grandes repórteres, assim como temos médicos, economistas, engenheiros e advogados. O adjetivo “profissional” é uma excrescência, assim como o diploma!

Essa decisão histórica do Supremo Tribunal Federal conseguiu impedir inclusive outro surdo estupro à liberdade do pensamento, porque alguns sindicalistas da informação, preocupados em manufaturar o consenso (não perceberam a menção a Chomsky!), já estavam maquinando, junto a líderes de federações e confederações de classe e representantes no Congresso o passo seguinte à exigência do diploma, que seria a censura direta aos internautas e blogueiros.

Muitos tentavam, nas sombras do governo petista, com nostalgia da ditadura militar, que lhes emprestou visibilidade, escrever projetos-de-lei para dotar o Estado de mecanismos de censura sobre saites e e-mails que trouxessem informações contra os atuais donos do poder. Não poderíamos mais tomar conhecimento de suas falcatruas e safadezas, porque seriam consideradas, como na China, em Cuba e na Coréia do Norte, manifestações atentatórias à segurança nacional.

Tal pré-clima foi derrubado pelas decisões do STF, extinguindo a lei de imprensa e a famigerada, ditatorial e militarista exigência do diploma de jornalismo. Com esse entendimento, o país voltou a se equiparar às nações desenvolvidas, que consideram o jornalismo uma técnica, um meio para se chegar a um fim, que é a liberdade de expressão, do pensamento e a proteção da pluralidade democrática.

Contra isso, os partidários de autarquias e nichos de poder foram derrotados e agora, coitados (!), vão ter que trabalhar! Quanto às universidades e seus professores, adeptos de ideologias estrangeiras, vão ter que se reciclar e aperfeiçoar os cursos, para despejar nos mercado bons profissionais, que não precisem de diploma como exigência para ocupação de emprego ou desempregar pessoas, e não os atuais “comunicólogos” pegajosos, que não sabem pensar, escrever dois parágrafos e não conseguem refletir sobre tema algum por mais de quatro laudas...

É uma pena que, nessas condições, venha a ser extinta aquela figura tão propalada por Nelson Rodrigues, outro jornalista sem diploma, que dispensa apresentações pelo gênio, e que sempre se referia com humor às “estagiárias de calcanhar sujo” das redações, todas com diploma debaixo dos braços...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Que cagada, heim Lula?


Marcus Ottoni

As trapalhadas do PT governo realizadas no âmbito interno do Brasil parecem que agora se tornaram públicas para o mundo inteiro que assiste a um festival de incoerências políticas patrocinado pelo “Comandante em Chefe” da organização “amigos dos amigos dos sindicatos”.
A cagada diplomática do Brasil no episódio em Honduras, só não é hilária porque é trágica e inconsequente, analisada sob o ponto de vista do “uso útil” de uma nação para fins poucos confessáveis por ditadores “latrinos americanos”, como o coronel Chavez, que vai se perpetuando no Poder e costurando uma aliança política na América Latina às custas de nações “úteis e usáveis” para tornar-se o líder supremo das nações do hemisfério sul.
E nesse festival de inconseqüências, o presidente Lula posa de “durão” para servir aos interesses de Chavez e recolocar o tal do Zelaya no comando de Honduras, aumentando assim os aliados alienados do ditador Boliviano. Entrega a embaixada ao ex-pesidente hondurenho, ajuda a criar o caos institucional no país e vocifera impropérios contra o governo interino que pretendia e pretende realizar eleições diretas para escolher o novo presidente de Honduras que tomará posse no início de 2010.
É uma insanidade política classificar a deposição de Zelaya (cuja administração me parece estar recheada de denúncias de irregularidades e corrupção) como “golpe militar” e os atuais dirigentes interinos do país como “golpistas”. Fazer o que o Brasil está fazendo em Honduras é ridicularizar uma nação cuja história de respeito aos assuntos internos dos outros países é uma regra e não uma exceção como quer fazer crer o PT governo. Entregar a representação do Brasil para um desequilibrado como o Zelaya promover a insurreição popular contra um governo que estava promovendo eleições diretas para presidente é, acima de tudo, um total descontrole mental de quem administra um país como o Brasil.
A embaixada do Brasil em Honduras não é mais território brasileiro. Apenas a imunidade diplomática está preservada, ainda, porque as chaves do prédio e as dependências do imóvel estão, hoje, sob o controle do senhor Manuel Zelaya, que faz da representação brasileira o seu escritório inviolável de onde saem ordens de rebeldia social, manifestações contra o governo interino, estratégias do caos institucional, declarações, entrevistas e objetos do patrimônio nacional que estão sendo levados pelos seguidores de Zelaya, talvez como “souvenirs” desse lamentável episódio em que Chavez meteu o Brasil com a conivência e parceria do PT governo.
O princípio internacional da diplomacia rege que para um país manter uma representação diplomática em outra nação é preciso que esse mesmo país reconheça a soberania e o governo da nação onde está instalada sua representação diplomática. Não sendo assim, sem esse reconhecimento público, não há representação nem imunidade diplomática. Como o Brasil não reconhece o governo interino de Honduras, a embaixada brasileira na capital do país passa a ser um simples escritório brasileiro sem garantias do direito diplomático internacional. E o Lula ainda quer botar banca, falar grosso e intimidar um governo estrangeiro, legítimo por suas ações respaldadas pela constituição hondurenha. Que cagada, heim Lula?
Mas como dizem os petistas aliados ao MST e fãs de carteirinha de uma ditadura como a Chavista, a da Líbia, entre outras, “O Brasil está vivendo seu momento de EUA, desrespeitando a soberania de Honduras”. Só falta mandar uma força tarefa para ajudar a recolocar o amigo do Chavez no Poder....

A foto do presidente Lula é do jornalista Antonio Cruz, da Abr. Ela sofreu um corte editorial para seu melhor aproveitamento no artigo.